Alentejo

Alentejo

A percorrer o Alentejo, nem me fatigo, nem cabeceio de sono, nem me torno hiponcondríaco. Cruzo a região de lés a lés, num deslumbramento de revelação. Tenho sempre onde consolar os sentidos, mesmo sem recorrer aos lugares selectos dos guias.

 

Sem necessitar de ir ver o tempo aprisionado nos muros de Monsaraz, de subir a Marvão, que me lembra um mastro de prendas erguido em terreiro festivo, de passar por Água de Peixes, que é um albergue de frescura e de beleza na torreira dum caminho, ou de Visitar a Sempre-Noiva, onde há perpetuamente um perfume de laranjeira a sair do rendilhado das janelas manuelinas (…).

 

A palmilhar aqueles montados desmedidos, sinto-me mais perto de Portugal do que no castelo de Guimarães. Tenho a sensação de conquistar a pátria de novo e de a merecer(…). Se há marca que enobreça o semelhante, é essa intangibilidade que o alentejano conserva e que deve em grande parte ao enquadramento. O meio defendeu-se de uma promiscuidade que o atingira no cerne. Manteve-o vertical e sozinho para que pudesse ver com nitidez o tamanho da sua sombra no chão (…). Foi a terra alentejana que fez o alentejano, e eu quero-lhe por isso.

Porque o não degradou, proibindo -o de falar com alguém de chapéu na mão.

 

Mas não são apenas essas subtis razões éticas e geográficas que me fazem gostar do Alentejo. Amo também nele os frutos palpáveis, duma harmonia feliz entre o barro e o oleiro. Amo igualmente o que o homem fez e a terra deixou fazer. Diante de um tapete de Arraiolos, ou a ouvir uma canção a um rancho de Serpa, implico o habitante e o habitado no mesmo processo criador e louvo-os no mesmíssimo entusiasmo (…).

 

O diverso, o inesperado, o antagónico, é que são a pedra de toque do entendimento. Ora o Alentejo é esse diverso, esse inesperado, esse antagónico. Tudo nele é novo ebizarro para quem o visita. Os arcos, as silharias, as abóbadas e coruchéus das suas casas; a açorda de coentros e o gaspacho de alho e vinagre das suas refeições; as insofridas parelhas de mulas guisalheiras a martelar as calçadas ao amanhecer; as pavanas cinegéticas que oferece aos convidados; os magustos de bolota; os safões dos homens e o chapéu braguês das mulheres são ferroadas no nosso quotidiano.”

 

(Miguel Torga, 1993:122-126).

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Castelo de Vide

Castelo de Vide, vila berço de Garcia d’Orta

 

As condições geográficas e climáticas únicas de Castelo de Vide constituíram, desde sempre, um importante motivo de atração para as comunidades humanas que passaram por esta região.

Já nos primórdios da nossa Pré-história, grupos de caçadores-recolectores frequentaram assiduamente as margens da Ribeira de Nisa, corredor natural ímpar, para conseguirem o seu sustento. Chegaram até nós alguns dos seus gestos, materializados nas ferramentas de pedra que ainda hoje se podem encontrar nos auspiciosos terraços deste rio. Por cá andaram e por cá se fixaram, adotando as novas tecnologias que os recém-chegados agricultores do Neolítico trouxeram com eles. Resistiram ao inexorável fluir do tempo as graníticas construções que estas comunidades erigiram nestas terras. Os imponentes menires, como o da Meada, e as sepulcrais mamoas, cujos esqueletos ainda contemplamos nos Coureleiros, no Sobral, na Melriça e em inúmeros outros locais, atestam da engenhosidade, saberes e cultura destes primeiros viticastrenses.

 

Com a Idade dos Metais surgem os primeiros indícios da ocupação dos principais cabeços e pontos altos do concelho, porventura indiciadora de tempos de conflito. São do Calcolítico os primeiros vestígios encontrados no castelo, e a estas eras remontam as primeiras ocupações do local onde, posteriormente, na Idade Média se irá construir esta fortificação, embrião da povoação que estaria para vir.

 

Do tempo da ocupação romana abundam vestígios dispersos pelo território do concelho, com umbilical ligação à tão próxima Cidade Romana de Ammaia, polo dinamizador do Alto Alentejo. Caiu o império romano mas mantiveram-se as gentes, vieram novos povos, com novas religiões. Regressaram as antigas, decididas a apropriarem-se destes territórios e fortaleceram a colina que os pastores do Calcolítico já conheciam. E assim, com a colocação das primeiras pedras da primeira torre, nasceu a vila que hoje todos conhecemos.

 

 

O nome atual é Castelo de Vide, embora na Baixa Idade Média era conhecida por Vide. O mais antigo documento remonta aos finais do séc. XII (1194)onde pode ler-se o documento com que D. Sancho I oficializou a doação à ordem de do Hospital do território de Guidintesta (Belver).

Em 1299 era já sede municipal, por iniciativa de D. Dinis,  Rei Lavrador.

 

No século XIV ou  mesmo antes ter-se-á estabelecida a judiaria. Entre a Aldeia e o espaço destinado à  comuna israelita localizava-se o mercado, estendendo-se entre a nascente e o sul, um vasto rossio ou uma devesa.

 

Os documentos de 1366 referem a existência de judeus. Nesse mesmo ano, a 29 de agosto, o  rei  D. Pedro I aforou a mestre Lourenço, seu físico, um  terreno realengo, (chão) existente no prado da vila, onde estava plantada uma vinha. À época era um centro multipolar, conjuntamente com Marvão e Portalegre.

 

A judiaria de Castelo de Vide localiza-se na zona da encosta a nascente, numa área urbana um pouco acidentada, onde cinco artérias, as  Ruas do Mercado,  judiaria, ruinha da Judiaria, do Arcário, do Mestre Jorge, da Fonte, confluem para a Fonte da Vila, ( séc. XVI), a primeira Fonte da Vila, que delimita o perímetro da zona judaica da cristã-nova, que tinha anexo o edifício das Termas, construção dos 40, pelo arquitecto Ernesto Korrodi, (onde está a ser desenvolvido o projeto do Centro de Interpretação Garcia de Orta).

 

Desde o século XV, que existem judeus pela vila de Castelo de Vide, segundo comprovam os arquivos históricos, pois D. Pedro I aforou a mestre Lourenço, seu físico, provavelmente judeu, uma terra em Castelo de Vide.

 

Curiosas são também as tradições e a celebrações festivas, pois o feriado municipal é na segunda-feira, dia da Senhora da Luz, tal como no cripto-judaísmo se celebra a segunda feira de Páscoa. É a festa dos Ázimos e do Omer prescrita pela Lei.

 

Do legado judaico, as ruas  da judiaria e as portas guardam as memórias, ainda se pode observar a mezuzá na porta da sinagoga, atual museu, que testemunha a história e nos desvenda segredos das muitas famílias que por aqui passaram, também as marcas e os símbolos junto à Fonte da Vila, para além  Os sabores do Alentejo sugerem pratos como as sopas do sarapatel, o chachafrito, as ervas aromáticas que condimentam qualquer prato que é confecionado e mesmo os doces  da festa, como é o caso da boleima de maça ou da empada e queijadas, que, então, eram cozidos no forno comunitário, e que hoje, encontramos no comércio local.

 

Saiba mais sobre a notável vila de Castelo de Vide, sua história, suas gentes, tradições, passado e presente. Envie um e-mail para entredialogos.opp309@gmail.com

Outros projetos em Castelo de Vide

Centro de Interpretação Garcia de Orta

 

As Antigas Termas de Castelo de Vide, um edifício construído nos anos 40, da autoria de Ernesto Korrodi, junto à Fonte da Vila (séc. XVI), darão lugar a um espaço cultural num futuro próximo, denominado Centro de Interpretação Garcia de Orta.

 

Os dois imóveis que compõem o todo, integrados e consolidados a nível arquitetónico e urbanístico na “Zona Mais Antiga” de Castelo de Vide são propriedade do Município. Após a requalificação e valorização pretende-se musealizar e torná-lo num centro interpretativo, compatibilizando o seu valor patrimonial com as exigências atuais, impostas para imóveis com estas características, permitindo assim, que este desempenhe as suas funções e se assuma, localmente, como uma referência cultural.

 

O Centro de Interpretação Garcia de Orta, cuja concretização permitirá diversificar a oferta cultural e materializar toda uma estratégia de valorização do património identitário de Castelo de Vide, nomeadamente em torno do turismo religioso e do segmento judaico em particular; possibilitará captar sinergias ao nível da integração com outros núcleos museológicos em torno da mesma temática, como sejam a Sinagoga Medieval e a Casa da Inquisição, ou mesmo ao nível do património urbanístico, como é a Judiaria.

Este futuro equipamento cultural, em torno da vida e obra deste ilustre castelo-vidense e importante médico naturalista de dimensão mundial, constituirá uma oferta cultural única, explorando, de forma didático-pedagógica a vertente das ciências médicas e naturalistas, bem como o seu percurso de vida.

 

Fonte:  Câmara Municipal de Castelo de Vide

O Museu da Sinagoga

O edifício da Sinagoga é uma construção medieval de gaveto, localizado na judiaria de Castelo de Vide que conflui com a Rua da Fonte, situado em pleno centro histórico.

O edifício foi recuperado e reabilitado nos anos 90, mantendo a traça primitiva, tendo sido reutilizados os materiais referentes aos revestimentos de paredes, pavimentos e tetos. De salientar a recuperação do tabernáculo, o que restava do fumeiro e da cantareira, bem como a beneficiação dos silos escavados no solo e existentes no local.

No sentido de preservar a vivência e o contributo que a comunidade judaica dos séculos XV e XVI deu a Castelo de Vide, inaugurou-se o Museu da Sinagoga  a 11 de abril de 2009, estando antes aberto apenas para visita, enquanto edifício que testemunha as marcas da história e de um passado, onde terá vivido uma pequena, mas importante comunidade judaica.

O projeto resulta de  registos de várias épocas, sendo a atual estrutura a do século XVIII, que foi adaptada ao longo de cinco séculos, como referiu a autora do projecto, Susana Bicho.

O espaço tem dois pisos, que se distribuem por salas, cujos murais têm informação disponível ao leitor, assim como um conjunto de peças e espólio arqueológico. Numa das salas é realçado o memorial das vítimas da Inquisição, onde constam nomes de castelvidenses. Também os silos cravados nas rochas do edifício e utilizados outrora para preservar os cereais,  se encontram iluminados e fazem parte do Núcleo.

Recuperado  pela Câmara Municipal de Castelo de Vide, encontra-se adjacente ao espaço, um edifício que se “julga” ter sido uma escola. A recuperação desta infra-estrutura foi transformada em habitação, denominada a  “Casa do Investigador”, dotado de regulamento municipal e cuja finalidade é o de alojar investigadores que queiram estudar ou desenvolver a temática judaica, com o intuito de  contribuir para história local.

O Museu  da Sinagoa é composto por dez salas, cuja visita se recomenda, e onde poderá solicitar um folheto, em hebraico ou em inglês, para uma leitura mais atenta, para além das inúmeras publicações que se encontram disponíveis a público.

Antes de  sair não deixe de solicitar apoio no atendimento, de forma a não perder detalhes de uma das mais belas judiarias de Portugal.

 

Fonte: Texto adaptado de Susana Bicho

A Casa da Inquisição

 

Este projeto do Município de Castelo de Vide, situa-se na Rua Nova, junto à Fonte da Vila e integra a rota dos projetos turísticos que o Município está a desenvolver.

Por nos parecer interessante e assim poder compreender o legado histórico e a terra de Garcia d’Orta, transportando o conhecimento para os dias de hoje, aqui vos deixamos uma nota do projeto:

 

A execução do projeto “Casa da Inquisição”, a par do projeto “Centro de Interpretação Garcia d’Orta” vêm reforçar a oferta turística no tema vertente, até agora composta pelo interessante e valioso urbanismo do bairro, e, em termos museológicos, apenas pela Sinagoga Medieval e a Oficina Museu Mestre Carolino.

A Casa da Inquisição visa implementar um novo espaço museológico a nível nacional, recriando-se de forma muito completa e fidedigna, todo o processo inquisitório, dando a conhecer a história riquíssima sobre a Inquisição em Portugal, bem como, nas regiões fronteiriças, fazendo-se especial enfoque aos cidadãos de Castelo de Vide alvo de processos do Santo Ofício. Sendo indispensável dar a conhecer o que foi o Santo Ofício português durante quase três séculos, assim como a vida dos cristãos-novos, batizados à força e obrigados ao criptojudaismo com risco da própria vida. Privilegiando o caso de Castelo de Vide, a história da Inquisição será contada na perspetiva das vítimas: mais de duas centenas, cerca de 85% das quais acusadas de judaísmo. Mais de 40000 pessoas foram presas, processadas, estigmatizadas, humilhadas, degradadas, torturadas e queimadas nas fogueiras, acusadas de judaísmo, protestantismo, islamismo, solicitações, bruxaria, feitiçaria, superstições, bigamia, sodomia, entre outras práticas consideradas heréticas pela Inquisição.

Resumindo, a ideia central desta experiência é levar os visitantes a vivenciar todo o processo de inquisitório, como se fossem eles próprios réus do Santo Ofício.

 

 

Fonte: Câmara Municipal de Castelo de Vide

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Marvão

O concelho de Marvão, devido à sua riqueza patrimonial e ambiental, é um dos destinos turísticos mais procurados do Alto Alentejo e continua a oferecer, ao visitante, a paz e o sossego que se perderam nos meios citadinos.

 

Inserido no Parque Natural da Serra de S. Mamede, tem como limites, a norte, o rio Sever, que constitui a Raia Internacional de Portugal e Espanha, a sul, o concelho de Portalegre, e a poente, terras de Castelo de Vide.

 

 

A sede de concelho que é a Vila de Marvão, que está edificada a cerca de 860 metros de altitude.

 

O Castelo e a cintura de muralhas que cercam a vila formaram, outrora, uma importante fortaleza, hoje fazem de Marvão um lugar único. No interior do espaço fortificado há a salientar: a Casa da Cultura, o Pelourinho, a Casa dos Governadores, a Igreja do Espírito Santo, o Museu Municipal, e a Igreja de Santiago.

 

A Ponte Quinhentista e a Torre da Portagem, as ruínas da Cidade Romana de Ammaia a Barragem da Apartadura, e a Estação de Caminho de Ferro de Beirã, são também locais de visita obrigatória.

 

Um mundo de trilhos frondosos, vales férteis, e amplas encostas, cruzam o concelho de Marvão, e oferecem excelentes condições para passeios a pé, de bicicleta, ou a cavalo. No complexo de lazer de Portagem, e nas águas límpidas do rio Sever, a piscina fluvial, é um dos grandes atrativos naturais desta região.

 

 

Fiel às suas raízes, o concelho mantém vivas as suas tradições, na gastronomia destacam-se os pratos de cabrito, borrego, porco e caça. Na doçaria, o pastel de castanha, as boleimas de maçã, os bolos fintos, as rosquilhas, ou as broas, acompanhadas dos tradicionais licores de noz e de castanha. No artesanato, destacam-se de grande riqueza artística, os bordados com casca de castanha.

 

Durante todo o ano, a autarquia organiza Quinzenas Gastronómicas dedicadas aos produtos de época, mas a maior atração é a Festa do Castanheiro – Feira da Castanha, no segundo fim-de-semana de Novembro. Este magnífico evento, reconhecido como um dos mais autênticos e genuínos do País, pretende homenagear uma espécie endógena da região, o Castanheiro, e o seu fruto, a Castanha (classificada como produto de Denominação de Origem Protegida – DOP).

 

Em Outubro a vila recorda o seu fundador, Ibn Maruan, e realiza o Festival Al-Mossassa, Durantes três dias, a Vila de Marvão recua no tempo, até ao séc. IX, para recordar as suas origens e o ambiente vivido na época, numa celebração cultural única.

 

Neste espaço, onde coabitam os legados islâmico, judaico e cristão, o visitante poderá encontrar um vasto leque de produtos e objetos relacionados com estas culturas, tomar o verdadeiro chá árabe e saborear as iguarias de outrora.

 

 

 

 

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Com uma agenda cultural anual repleta de grandes eventos, para além dos já mencionados, destacam-se ainda o Percurso do Contrabando do Café, o Ammaia Festum, ou os Festivais Internacionais de Música e Cinema.

 

E porque este Marvão é autêntico, não é só para ser lido e contemplado, mas vivido ao ritmo de cada um, oferecemos-lhe uma mão cheia de propostas tentadoras. O resto é consigo e depende daquilo que os seus sentidos lhe suscitarem!

 

Marvão!…para ver, para sentir, fruir…e não mais esquecer.

 

Fonte: Câmara Municipal de Marvão.

Testemunhos Judaicos em Marvão

Embora não se conheça nenhum documento que refira expressamente a existência de uma judiaria na vila de Marvão a presença de duas raríssimas cabeceiras de sepultura medievais decoradas com a menorah, ou candelabro de sete braços, faz-nos antever a presença durante a Idade de Média de uma comunidade de judeus nesta vila. Mas a presença de judeus na área do actual concelho de Marvão está documentada pelo mais antigo testemunho arqueológico até agora encontrado em território português com símbolos judaicos. Referimo-nos à belíssima pedra de anel, datável do séc. II ou III d.C., encontrado na área da cidade de Ammaia. Nesta importantíssima peça glíptica estão gravados os principais símbolos judaicos. Ao centro uma Menorah, ladeada pelo Shofar, o corno de carneiro que era tocado nas cerimónias do templo, no Dia de Ano Novo (Rosh Hashana) e no Dia do Perdão (Yom Kippur), pelo Limão com duas folhas (Ethrog) cuja representação abarca o universo da fertilidade e sabedoria e pela Palma (Lulav) símbolo da vitória. Esta espantosa peça confirma que quem a usou encastrada num anel seria um judeu e seguramente profundo conhecedor da sua fé.

Sepulturas com Cabeceira Judaica, Museu Municipal de Marvão

Pedra de Anel, Ammaia

Na sequência da expulsão dos judeus, em 1492, dos reinos de Castela e Leão, pela fronteira de Marvão passaram milhares de judeus que temporariamente acamparam no prado da Aramenha e aí receberam protecção régia até que encontrassem local para viverem. Desses largos milhares de judeus perseguidos alguns seguramente se fixaram em terras de Marvão e, após a sua nova perseguição a partir de 1497 muitos se terão convertido ou aparentemente convertido ao cristianismo, transformando-se em Cristãos-novos. Sabemos da existência de alguns naturais ou residentes em Marvão através dos Processos da Inquisição, especialmente da de Évora, que nos informam da presença de várias condenações por práticas judaicas. Na antroponímia e na toponímia da região ficaram igualmente registadas as memórias da presença de judeus que se perpetuaram em nomes ainda muito comuns nas terras de Marvão.

Reconhece-se, assim, que o concelho de Marvão, para além de possuir o testemunho mais antigo da presença judaica em Portugal, possui outros documentos como as cabeceiras de sepultura decoradas com a Menorah e outros relatos escritos da presença judaica por estas terras com especial destaque para as referências à passagem de milhares de judeus pela fronteira de Marvão em 1492 e os igualmente trágicos relatos do Tribunal da Inquisição de Évora.

 

Jorge de Oliveira

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Cheiros e Sabores

Fusão de cheiros e sabores

Caril de Goa

Ingredientes:

1 kg de frango (Poderá também fazer de camarão, peixei, lulas, borrego, entre outros.)

Sal qb

2 cebolas médias

6 dentes de alho

Azeite ou óleo para refogar

Côco seco ralado e/ou 1 lata de leite de côco

Pimenta verde

Gengibre moído

Coentros frescos

Cominhos

Açafrão

Pasta de tamarindo

 

Modo de preparação:

Tempere o frango com sal. Leve a refogar as cebolas e os alhos bem picados.

Junte ao refogado já pronto, a os cominhos, o açafrão, o gengibre, a pimenta verde e cocô ralado.

Junte a este refogado água quente q.b e mexa.

Moa tudo muito bem com a varinha mágica até fazer uma papa e depois adicione o leite de côco e envolva.

Ponha o frango a cozinhar neste preparado.

Acerte o sal e a pimenta.

Quando estiver cozinhado adicione os coentros picados.

Sirva com arroz basmati.

Sarapatel Goês

Sarapatel

(Receita Goesa)

 

Ingredientes:

 

. 500 g de fígado

. 365 g de orelha

. 1.5 kg de carne de porco

. 6 dentes de alho

. 2 cebolas médias

. 4 cravinhos

. 1 colher de chá de gengibre fresco

. 2 paus de canela

. Malagueta q.b.

. Óleo q.b.

. Sal q.b.

 

Temperos:

. 1 colher de chá de cominhos

. 1 colher de chá de piri-piri

. 1 colher de chá de acafrão

. 1 colher de chá de pimenta preta

. 4 colheres de chá de pimentão doce

. 2 paus de canela

 

Modo de preparação:

 

Coza a carne, o fígado e a orelha com sal e em separado. Reserve o caldo da carne. Deixe esfriar e corte aos cubos pequenos. Misture os temperos numa tigela e junte vinagre até ficar em pasta e reserve.

 

Numa frigideira salteie os cubos das carnes (carne, fígado e orelha) com um pouco de óleo.

 

Pique as cebolas, os alhos, o gengibre e a malagueta e refogue. Junte a pasta de temperos e os paus de canela e deixe alguns minutos. Mexa de vez em quando. Junte as carnes e envolva bem os temperos e acrescente o caldo da carne até cobrir. Se necessário adicione sal e vinagre.

 

Acompanhe com arroz basmati.

 

 

Receita gentilmente cedida por Germano Cunha

Receitas Alentejanas

Boleima de Castelo de Vide

Ingredientes:

 

1 kg de massa de pão

250g de banha

Açucar

Canela

Maça (opcional)

Nozes (opcioonal)

Farinha

 

 

Modo de preparação:

 

Deita-se a massa num alguidar e “sova-se” com um pouco de farinha. Introduz-se a banha na massa fazendo buracos com os dedos, sem amassar. Estando a massa e a banha ligadas por este processo, moldam-se as boleimas, que podem ser individuais ou familiares.

 

Familiares: Faz-se uma bola de massa que se espalha sobre o tabuleiro. No centro da rodela obtida, dieta-se um pouco de açucar, canela, fatias finas de maça e nozes (opcional). Coloca-se por cima uma outra rodela de massa mais pequena do que a anterior, devendo ficar à volta uma pequena orla livre. Polvilha-se a rodela superior com açúcar e canela e cozem-se em forno bem quente (200º a 220ºC).

 

Individuais: Estende-se metade da massa num tabuleiro untado, polvilha-se depois abundantemente com açúcar e canela, espalham-se por cima fatias finas de maça e nozes picadas (opcional). Cobre-se tudo com uma folha de massa que é também polvilhada com açúcar e canela. Com a ponta de uma faca desenham-se quadrados na massa para depois de cozida, ser cortada. Leva-se a boleima a cozer em forno bem quente (200º a 220ºC).

Sarapatel

Sarapatel

(Receita Portuguesa)

 

Ingredientes:

 

. Fressuras

. Cortadinho

. Molhinhos

. Pezinhos

. Sangue

. Azeite q.b.

. Cebola

. Alho

. Salsa

. Sal q.b.

. Cravinho moído

. Cravinhos em grão

. Folhas de louro

. Pimentão

. Pimenta

. Vinho branco

. Vinagre q.b.

 

 

Modo de preparação:

 

Corte todas as fressuras e ingredientes aos bocadinhos. Deite num tacho o azeite conforme a porção que se vai fazer, cebola picadinha e muito alho e refogue um bocadinho. Deite a carne e refogue baixinho durante algum tempo. Deite sal, um ramo de salsa, umas folhas de louro, pimentão, pimenta, cravinho moído e uns cravinhos em grão, e deixe apurar algum tempo, devagarinho.

 

Antes, coza os pezinhos e os molhinhos. Guarde um pouco de água que serve para juntarmos ao refogado da carne quando começar a apurar. Por fim, esbroe o sangue cozido e junte ao refogado. Podemos guardar este refogado e congelar.

 

No dia da refeição acrescente o vinho branco, água e um pouco de vinagre.

 

 

Receita gentilmente cedida por João Boto.